domingo, 19 de fevereiro de 2012

CARNE...





TEMPO DE REIS E RAINHAS

ESTANDARTES DE LATA

CORPOS BORDADOS

DIAS DE FOLIA
ALEGRIA
ORGIA

TEMPO QUE NÃO CANSA
FANTASIAS RODAM A BAIANA

MULTIDÕES VAZIAS
MENTES ILUSÓRIAS


VAGUEIAM NA BOEMIA
PAU A PIQUE


TABIQUES SEPARAM
A NOBREZA DA ARRAIA-MIÚDA

MOÇAMBIQUE PELA GLORIA

BOITATÁ
O BUMBA MEU-BOI

ENCONTRAM GOZO
ALEGRIA CESSARIA

DEVOTOS DA BELEZA AMBULANTE
IRRADIAM BRILHO NA AVENIDA

DEUSES
HERÓIS

PERSONAGENS SOBRENATURAIS
MISTURADOS À REALIDADE

CULTURA?

"folk"
"lore"

CONJUNTO DE MITOS E LENDAS
FRUTOS DA FANTASIA

CABOCLADAS
MARUJADAS
CATOPÉS

ETERNAMENTE MASCARADOS

EM BLOCOS

NO RITMO DO SAMBA
MARCHINHAS DOBRAM ESQUINAS

FOLIÕES
MUSAS
MULATAS

CONCENTRAÇÃO DE ALMAS
CONSTELAÇÕES DE ESTRELAS PASSAGEIRAS








CARLA FABIANE








segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

POESIA MORTA...


Guardarei silêncio


Muda
Solitária
Faço meus versos

Escrevo com tinta opressora
Individualista
Desconfio do fácil

Me adéquo aos primeiros pensamentos
Misturando à crítica ironia
Colonizo letras

Na burguesa sátira
Pontuo dores naturais

Satirizo as classes
Na vasta ilusão humana

Enrolada na negra gramática
Induzida pela existência
Sobe-me a boca uma ânsia

Declaro guerra pela ignorância terrena

Meu coração é o tinteiro
Defino em alto relevo a realidade
Beirando os limites da loucura

Irônica
Indignada
Ressentida

Sou caricatura enterrada
Abraçada pelo tédio
Alma fria
Matéria impura e errante
Vazia
Seca

As horas são pesadas
Tristes pensamentos
Me acariciam os pés

Invisível castigo
Cadeias frias
As paredes não são obras da natureza

Gritos abafados

Velas ao vento
Perco o raciocínio

Sem vida
Criação ferida pela espada

Mente morta


Poesia surda e vazia



CARLA FABIANE